Pela formação de um Comitê Popular contra a ditadura (1968)
Manifesto publicado em Curitiba, datado de 18 de outubro de 1968, extraído do Arquivo Público do Estado do Paraná, disponível em BR PRAPPR.PB004.PT1306.152, p. 60.
Companheiros:
Nós, operários, enfrentamos grandes dificuldades. Cada dia que passa, o custo de vida aumenta e o salário não sobe. É o arrocho salarial imposto pela ditadura que oprime o povo levando-o à fome, miséria e ignorância — é o desemprego, a falta de moradia, as más instalações da fábrica, ônibus caros, duros horários de trabalho impedindo-nos de conversar, fumar e até mesmo de nos movimentar. É o fundo de garantia tirando-nos a estabilidade — são os sindicatos dirigidos por pelegos que não lutam pelos nossos interesses.
Os operários de Maringá, Minas Gerais, Guanabara e São Paulo encontraram na greve um caminho de luta contra os inimigos do povo, representados pela ditadura. E para isso se organizaram em comitês de fábrica e de secção, a fim de conseguirem melhores salários, melhores condições de vida. Com as vitórias alcançadas conseguiram fazer recuar a ditadura. Por isso a ditadura reprime companheiros operários e bancários na luta contra o arrocho, assim como reprime camponeses na luta por terras e também reprimiu os estudantes quando discutiam seus problemas no 30º congresso da União Nacional dos Estudantes.
É a repressão violenta da ditadura contra o crescimento da luta do povo. É necessária a união das classes trabalhadoras contra nossos inimigos comuns. Nós, os operários, temos o principal papel na condução dessa luta.
Convocamos pois os companheiros para uma passeata de protesto contra a repressão da ditadura, sábado (19), saindo da praça Santos Andrade, às 10 horas.