Lenin e o movimento operário nos Balcãs, Geórgi Dimitrov
Publicado em 1924 por G. Dimitrov «Krasnii International des Syndicats» ou «A Internacional Sindical Vermelha», N.°s 1–4.
O movimento operário dos países balcânicos e particularmente da Bulgária, Sérvia e Romênia, desde que surgiu esteve sob a influência do movimento revolucionário da Rússia. Os primeiros organizadores e dirigentes da classe operária destes países foram discípulos diretos dos marxistas russos. Os melhores quadros da intelectualidade operária se educaram sob a influência da literatura marxista russa, por um lado, e da luta heroica dos revolucionários russos contra o czarismo, a burguesia e o oportunismo, por outro.
Mas este evidente e firme caráter revolucionário do movimento operário nos países balcânicos se deve sobretudo a Lenin e a seus discípulos: a luta do proletariado balcânico durante os últimos anos está ligada diretamente ao nome e à grande obra de Lenin.
Desde o começo da guerra imperialista, Lenin conquistou os corações dos operários balcânicos por seu combate inconciliável contra o imperialismo e seus lacaios, os sociais-chauvinistas. Sua audaz e profética convocatória para salvar a humanidade trabalhadora por meio da ditadura do proletariado teve uma grande ressonância entre as amplas massas operárias dos países balcânicos.
Quando em maio de 1917, Lenin lançou a consigna histórica “Todo o poder aos sovietes!”, o proletariado balcânico via nele o seu próprio líder.
Depois da Revolução de Outubro, da qual Lenin era uma brilhante personificação, seu nome se converteu em bandeira da luta libertadora dos operários e camponeses balcânicos. Suas obras clássicas, “O Estado e a Revolução” e “O Imperialismo, fase superior do capitalismo”, chegaram a ser livros de cabeceira dos operários em luta nos Balcãs.
A genial ideia de Lenin da aliança entre operários e camponeses, que encontrou plena encarnação na revolução russa e assegurou o triunfo da primeira revolução operário-camponesa no mundo, era e segue sendo uma feliz revelação para as massas trabalhadoras balcânicas. Esta revelação iluminou, como um farol, o caminho pelo qual deve marchar o proletariado dos países balcânicos para lograr a vitória em sua luta libertadora.
Precisamente nesta ideia se inspiraram as massas trabalhadoras da Bulgária, quando, em setembro de 1923, se levantaram em armas contra a reação burguesa-fascista dominante, na luta pela criação de um governo operário e camponês. O levante foi derrotado por conta da superioridade numérica das forças armadas do inimigo, mas a aliança entre as massas operárias e camponesas se consolidou para sempre; esta foi selada com o sangue de milhares de combatentes caídos e agora é uma garantia para a vitória próxima e definitiva dos trabalhadores búlgaros.
Em parte alguma o problema nacional é tão intrincado e complexo como nos Balcãs, onde as distintas nacionalidade se mesclaram e entrelaçaram-se em tal nível nos limites territoriais que parecem verdadeiros mosaicos. O problema nacional é um problema fundamental da política balcânica. As classes burguesas e as dinastias nos países balcânicos, assim como nos grandes Estados imperialistas, sempre utilizaram e seguem utilizando as contradições nacionais existentes para seus fins de conquistas, atiçando o ódio de uma nacionalidade contra outra e fazendo com que se enfrentem entre si.
Lenin deu a solução justa, clara como um cristal, para o problema nacional, o qual encontrou sua expressão prática na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A ideia de Lenin do direito de autodeterminação dos povos, inclusive do direito às nacionalidades de se separarem e formarem um Estado, lançou grande luz também sobre o complexo problema nacional nos Balcãs. As massas trabalhadoras dos países balcânicos se deram conta perfeitamente de que este problema podia ser resolvido e que sua solução era possível não a partir do ponto de vista da burguesia e das dinastias balcânicas, que buscava dividir os Balcãs, mas sim pelo único caminho da unificação livre de todas as nacionalidades que habitam a Península Balcânica na União Federal, que lhes assegure plena liberdade e direito à autonomia.
Graças também à doutrina de Lenin, os operários em luta nos países balcânicos têm agora uma ideia mais clara da necessidade de unidade em sua luta política e econômica. Graças a esta doutrina o movimento sindical dos países balcânicos não se converteu em instrumento dos diferentes partidos burgueses e tem um caráter revolucionário de classe, de modo que os interesses de grupos, de indivíduos e periódicos, estão subordinados aos interesses, tarefas e objetivos gerais da classe operária.
E se no movimento operário dos países balcânicos o oportunismo desempenha um papel tão insignificante e exerce uma influência muito mais débil que em qualquer outra parte, exceto na Rússia, sobre as massas trabalhadoras, isso se explica pelo fato de que este segue o caminho indicado por nosso grande maestro e guia, Vladimir Ilich Lenin.
Agora, quando cada operário e camponês dos países balcânicos lamenta a morte de Lenin, as ideias dele se difundem por toda a Península Balcânica. Estas ideias são as estrelas na escura noite da feroz reação burguês-fascista dominante e anunciam uma vitória próxima da União Balcânica de Repúblicas Operárias e Camponesas.