A urbanização da sociedade na América Latina, Aníbal Quijano
Excerto traduzido do original ‘La urbanización de la sociedad en la America Latina’ publicado pelo Instituto de Investigaciones Sociales na Revista Mexicana de Sociologia, em 1967.
Os instrumentos de análise das ciências sociais elaborados para contextos históricos diferentes são inadequados para explicar a realidade histórico-social da América Latina. Estabelecido esse critério, o autor busca o tipo de indagações cujas respostas contribuiriam para a interpretação do importante processo da urbanização, cujas características específicas me proponho a definir.
Se há uma “admissão generalizada de que este fenômeno não pode ser bem entendido a não ser como parte do processo global de mudança da sociedade, o fato é que se segue considerando-o isoladamente”, aponta o autor.
A primeira pergunta é, pois, determinar se estamos tratando de um processo de urbanização na sociedade ou da sociedade. Aceita esta premissa, resultam insuficientes os dois critérios tradicionais aos que seguem referindo-se fundamentalmente aos estudos de urbanização, a saber: predomínio demográfico da população urbana sobre a rural, e desenvolvimento de um “modo de vida” urbano.
Neste trabalho a urbanização não é considerada, dentro do processo global de mudança da sociedade, como um dos processos de mudança nas relações urbano-rurais por separado, mas sim como cada um dos processos que constitui uma dimensão particular do processo geral de organização da sociedade toda. Estas dimensões são as estruturas básicas da sociedade, e no processo de mudança se produz a
- urbanização da estrutura econômica,
- urbanização da estrutura social,
- urbanização da estrutura ecológico-demográfica,
- urbanização da estrutura cultural psicológico-social,
- urbanização da estrutura política.
Estes ordenamentos sociais se encontram não somente vinculados entre si, mas também com a sociedade global como tal.
Uma sociedade qualquer, na realidade, se situa dentro de um sistema de interdependências em que existem sociedades dominantes e sociedades dependentes.
Logo após uma análise meticulosa da teoria sociológica da dependência, externa e internamente, a obra contém a análise de cada um destes ordenamentos sociais acima mencionados.