A ditadura recua diante do avanço das lutas do povo (1968)

somos de acá
3 min readApr 2, 2023

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Manifesto extraído do Arquivo Público do Estado do Paraná, disponível em BR PRAPPR.PB004.PT1306.152, p. 47.

O vigoroso avanço das lutas do povo durante todo o ano de 1968 derrubou a máscara da ditadura do imperialismo. A camarilha de mercenários sentiu a força do povo nas ruas, nas fábricas, nas universidades, nos campos, onde a venda do Brasil aos imperialistas norte-americanos foi firmemente denunciada. Os mercenários que tentavam manter uma ilusão de democracia para iludir as classes oprimidas, foram forçados a recuar, depois de sofrerem golpe após golpe ao longo de 1968. Tiveram de arrancar a máscara: baixaram o Ato Institucional nº 5, mostrando arrogantemente com isto que tem o maior desprezo pelo povo e por suas liberdades. Liquidaram o Poder Legislativo, fechando o Congresso, cassando deputados eleitos pelo povo e concentrando nas mãos sujas do fantoche Costa e Silva poderes para cassar quem ele quiser na hora que ele quiser.

A ditadura do imperialismo, ao contrário do que diz da boca para fora, estabelece a intranquilidade e a insegurança no país ao institucionalizar a selvageria, o arbítrio, o regime policial-nazista a serviço dos imperialistas norte-americanos.

Já não há Poder Judiciário no Brasil. Na última sexta-feira foram cassados, suspensos ou aposentados os últimos juízes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal Militar que ainda resistiam a algumas investidas da camarilha militar contra os direitos do povo. Logo depois do ato 5º, a ditadura cassou 13 deputados. Agora, cassa mais 41. Isto não é o suficiente para os traidores militares: mantem presos 3 padres em Minas e 3 em Santos, além do bispo desta cidade. Em Recife prendem e expulsão do país 2 padres estrangeiros. Liquidaram um direito conquistado pela humanidade no século 18: o habeas corpus. Em Curitiba, agentes da DOPS revistaram todos os compartimentos da Casa da Estudante Universitária, sem qualquer mandado judicial. Ainda em Curitiba, 16 líderes estudantis continuam presos. A pseudo justiça da ditadura submeteu-se a uma farsa teatral, onde nada ficou provado além da ignorância dos promotores militares. Duas moças, da Faculdade de Filosofia, cuja prisão foi relaxada por decisão da 5ª Auditoria Militar, foram presas no dia seguinte por ordem do Comandante da 5ª Região, general Aragão. Esta é a “justiça” da ditadura.

Centenas de estudantes estão sendo presos e perseguidos em todo o país. A ditadura intensificou a repressão aos operários. A ditadura reprime e assassina os camponeses que se levantam contra a exploração dos latifundiários. Ao mesmo tempo que aumenta o arrocho salarial e corta verbas e vagas na universidade, a ditadura financia e estimula grupos nazifascistas, como TFP, CCC, MAC, FAR, Esquadrão da Morte e outras indústrias do crime. Arrocha os funcionários civis e duplica o salário dos militares. Incapazes de conter a inflação, incapazes de aumentar a produção, incapazes de conter a inflação, incapazes de conter o custo de vida, os mercenários se afogam em corrupção, lançando a repressão policial contra o povo.

O Ato Institucional nº 5 é uma enorme pedra que a ditadura lança sobre os próprios pés. A violência dos traidores contra o povo brasileiro é o prelúdio da violência justa do povo, para a derrubada definitiva da ditadura e expulsão do imperialismo ianque.

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